Jun 1986 - Centro Histórico de Évora - Património na lista da UNESCO
O Centro Histórico de Évora foi classificado como Património Mundial da UNESCO em Junho de 1986. Situada na planície alentejana, na confluência de três importantes bacias hidrográficas – Tejo, Sado e Guadiana, e ponto de cruzamento milenar de vias e rotas comerciais da península, Évora adquiriu, desde a Antiguidade, uma importância política e social para todas as civilizações que marcaram o actual território português, possuindo como pólo urbano a riqueza de dois mil anos de história que remonta ao tempo do Império Romano.
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A cidade ainda conserva, em grande parte no seu núcleo central, vestígios de diversas civilizações e culturas: Celtas, Romanos, Árabes, Judeus e Cristãos influenciaram a cultura eborense.
Da presença romana subsistem um sistema viário e uma malha urbana ainda verificáveis no cadastro actual e a antiga urbe legou-nos a monumentalidade do vulgarmente chamado "Templo de Diana". Da ocupação muçulmana crescida à sombra das muralhas tardo-romanas subsiste o traçado tortuoso de alguns arruamentos da parte antiga do casco histórico.
O Templo Romano de Évora, incorretamente designado como "Templo de Diana", faz parte do centro histórico da cidade, encontra-se classificado como Monumento Nacional pelo IGESPAR e é um dos mais famosos marcos da cidade, uma forte evidência da presença romana em território português.
A Sé Catedral de Évora é outro monumento de destaque no centro histórico desta bonita urbe alentejana. É a maior Catedral medieval existente em Portugal, um monumento marcado pela transição do estilo românico para o gótico.
Vários grandes eventos religiosos estão associados a este templo. Diz-se que aqui foram benzidas as bandeiras da frota de Vasco da Gama em 1497. No cruzeiro está a capela tumular de João Mendes de Vasconcelos, emissário de D. Manuel à corte de Carlos V em Castela na tentativa falhada de trazer de volta a Portugal Fernão de Magalhães, que então preparava em Sevilha a primeira viagem de circum-navegação do globo.
"Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos" - é esta a mensagem que encontramos à entrada da Capela dos Ossos, cujas paredes e pilares estão "decorados" com ossos e crânios ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco, pintadas com motivos alegóricos à morte. Calcula-se que somem restos ósseos de mais de cinco mil monges, provenientes dos cemitérios, situados em igrejas e conventos da cidade. A capela era dedicada ao Senhor dos Passos, imagem conhecida na cidade como Senhor Jesus da Casa dos Ossos, que impressiona pela expressividade com que representa o sofrimento de Cristo, na sua caminhada com a cruz até ao calvário.
O Centro Histórico de Évora atingiu a sua época dourada no século XV, quando se tornou residência dos reis de Portugal. A qualidade arquitectónica e artística do casario branco ou decorado com azulejos e varandas de ferro forjado, datadas dos séculos XVI a XVIII, é única. Os monumentos da cidade tiveram também profunda influência na arquitectura portuguesa no Brasil.
Na Idade Média Évora adquiriu uma posição de destaque no Reino Português e cresceu até aos limites da Cerca Nova, a segunda cinta de muralhas, datando do mesmo período o início da construção da Sé Catedral, monumento que constituiu o primeiro estaleiro do gótico português. A
instituição da Universidade em 1556 reforçou a dimensão cultural da cidade e traduziu-se numa produção artística, arquitectónica e paisagística cosmopolita ainda hoje patente em conventos palácios renascentistas, maneiristas e barrocos que legitimam a classificação do Centro Histórico como Património da Humanidade.
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