1983 - Mosteiro da Batalha torna-se Património Mundial
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória (mais conhecido como Mosteiro da Batalha) foi mandado edificar em 1386 por D.João I como agradecimento à Virgem Maria pela vitória na Batalha de Aljubarrota. Este mosteiro dominicano foi construído ao longo de dois séculos até cerca de 1563, durante o reinado de sete reis de Portugal, embora desde 1388 já ali vivessem os primeiros dominicanos.
Exemplo da arquitectura gótica tardia portuguesa, ou estilo manuelino, é considerado património mundial pela UNESCO desde 1983. Foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal em 2007. O IPPAR classifica-o como Monumento Nacional desde 1910 e o estatuto de Panteão Nacional desde 2016.
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Perto do local onde se ergue o Mosteiro da Batalha ocorreu, no dia 14 de Agosto de 1385, um acontecimento decisivo para a consolidação da nação portuguesa: D. João, Mestre de Avis e futuro rei de Portugal venceu os exércitos castelhanos na batalha de Aljubarrota. Esta vitória pôs termo a uma crise dinástica que se arrastava desde 1383, aquando da morte do rei D. Fernando, cuja única filha era casada com o rei de Castela, pretendente ao trono de Portugal.
Segundo o "Guião para visita ao Mosteiro da Batalha", no site da Direção-Geral do Património Cultural, o monumento que pode ser visto hoje não é propriamente igual ao Mosteiro dos séculos XIV e XV. Registam-se muitas diferenças, tanto a nível de instalações e espaços como a nível das funções para as quais foram concebidas. Três grandes factores contribuíram para essas diferenças:
⇒ Em primeiro lugar, o Terramoto de 1755 veio destruir muitas partes do Mosteiro, algumas das quais nunca mais chegaram a ser reconstruídas.
⇒ Depois foram as invasões francesas (1808 - 1810), associadas a um rasto de destruição muito grande, acompanhado de pilhagens e fogos, o que fez com que se perdesse muita coisa, com particular gravidade a perda de um terceiro claustro, começado a construir cerca de 1551, – o Claustro de D. João III -, que ficou reduzido a cinzas.
⇒ Por último, a extinção das Ordens Religiosas, com o consequente abandono do próprio espaço conventual e a confiscação deste património a favor do Estado.
O Mosteiro esteve assim, em estado de degradação até 1840, altura em que iniciaram as grandes campanhas para restauro dos Monumentos Nacionais, tendo sido este o primeiro monumento português a ser objecto de uma intervenção de restauro, pela mão de Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque, Inspector Geral das Obras Públicas do Reino e responsável pela obra.
O Mosteiro da Batalha assume-se como um depoimento de poder real e da autonomia de um reino. Sabe-se como foi necessário impor através do trato legal e diplomático o direito de D. João I ao trono. Sabe-se igualmente da oposição dos meios-irmãos de D. João e de sua sobrinha D. Beatriz às suas pretensões; e sabe-se até que ponto as relações com o reino vizinho eram problemáticas. O facto de D. João I mandar erguer um panteão para si e para a sua família é sinal desta mística dinástica sem precedentes. O Mosteiro da Batalha foi um projecto de legitimação de uma nova dinastia, a dinastia de Avis: daí a dimensão da obra ― sinal de capacidade financeira e de poder de realização.
O Mosteiro da Batalha difere da restante arquitectura portuguesa e destaca-se na paisagem artística nacional com o seu sinal de mudança. A decoração, o remate e o acabamento, para além da opção final das empreitadas, já segundo esquemas daquilo a que se convencionou chamar gótico final, são os seus principais elementos distintivos. Alguns aspectos que distinguem este modo novo do gótico português da primeira dinastia são fáceis de enunciar, uma vez que, globalmente, o tratamento plástico e ornamental do exterior do edifício possui indicações valiosas quanto ao que viria a ser, a partir daqui, a orientação da arquitectura quatrocentista da fase pós-batalhina.
D. João dedicou o mosteiro à Virgem Maria, que havia invocado para interceder pela vitória junto de Deus e doou-o à Ordem Dominicana, a que pertencia o seu confessor. Esta foi a razão de ser do nascimento de uma obra cuja construção se iria prolongar por quase dois séculos e que resultou num dos mais fascinantes monumentos góticos da Península Ibérica.
Em frente ao mosteiro ergue-se a estátua de Nuno Álvares Pereira, o grande herói que comandou os portugueses à vitória no grande combate de Aljubarrota.
O Mosteiro da Batalha torna-se oficialmente Panteão Nacional em Junho de 2016. O monumento junta-se assim à lista de Panteões Nacionais, que agora passa a integrar, além da Batalha, a igreja de Santa Engrácia, actual Panteão, o Mosteiro dos Jerónimos e a igreja de Santa Cruz, em Coimbra.
No Mosteiro da Batalha estão sepultados
D. João I,
D. Filipa de Lencastre,
infante D. Henrique,
infante D. João,
D. Isabel,
D. Fernando,
D. Afonso V,
D. João II,
D. Duarte e também o
Soldado Desconhecido.
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