1983 - Mosteiro de Alcobaça - Património da Humanidade
O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, é a primeira obra plenamente gótica erguida em solo português. Foi começado em 1178 pelos monges de Cister. Está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1983 e como Monumento Nacional, desde 1910. Em 2007, foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.
Em 1834 os monges foram forçados a abandonar o mosteiro, na sequência do decreto de supressão de todas as ordens religiosas de Portugal, promulgado por Joaquim António de Aguiar, ministro dos negócios eclesiásticos e da justiça do governo da regência de D. Pedro, Duque de Bragança.
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O Mosteiro é constituído por uma igreja ao lado da sacristia e, a norte, por três claustros seguidos, sendo cada um circundado, na sua totalidade, por dois andares, assim como também por uma ala a sul. Os claustros, inclusive o mais antigo, possuem, igualmente, dois andares. Os edifícios à volta dos claustros mais recentes possuem três andares.
O edifício completo ainda hoje possui uma área de construção de 27.000 m² e uma área total de pisos de 40.000 m². A área construída, juntamente com o claustro sul, terá tido a dimensão de 33.500 m². A fachada principal do mosteiro, da igreja e da ala norte e sul tem uma largura de 221 m, tendo o lado norte de 250 m.
A Igreja é constituída por uma nave central, duas naves laterais, e um transepto, criando a imagem de uma cruz - planta de cruz latina.
Todas as naves têm 20m de altura. A sala do altar é limitada a oriente por um caminho com nove capelas radiais. As outras quatro capelas vão dar, pelos dois lados, ao transepto. Desta forma, esta Igreja é uma das maiores abadias cistercienses.
A arquitectura da igreja de Alcobaça é um reflexo da regra beneditina da procura da modéstia, da humildade, do isolamento do mundo e do serviço a Deus. Os cistercienses partilhavam estas ideias, ornamentando e construindo a estrutura das suas igrejas de forma simples e poupada. Apesar da sua enorme dimensão, o edifício apenas sobressai através dos seus elementos de estrutura necessárias que se dirigem ao céu.
A fundação da Abadia de Santa Maria de Alcobaça e respetiva Carta de Couto datam de 8 de Abril de 1153. Os domínios da Ordem de Cister ficam assim consagrados. Os do Reino de Portugal, com a conquista das cidades de Santarém e de Lisboa, em 1147, avançaram para sul em direção à Linha do Tejo. Este facto, obrigava a um povoamento rápido e eficaz para que a expansão cristã continuasse para sul. A proteção dos Coutos foi entregue à milícia da Ordem do Templo, isentando-os, tanto quanto possível, das investidas militares dos mouros. O ponto fulcral e irradiador de toda esta dinâmica era a própria abadia. A respetiva construção foi iniciada em 1178. Esta data está envolta em grande significado estratégico: quatro anos depois, São Bernardo foi canonizado.
A Alma e a Gente - Quem Passa Por Alcobaça (2009)
Será, decerto, uma das primeiras abadias da Ordem a ser construída já com esta intenção. A importância do Mosteiro de Alcobaça evoluiu num crescendo cultural, religioso e ideológico. A sua monumentalidade é tanto mais evidente quanto mais límpida e austera é a sua arquitetura. Trata-se, de resto, do primeiro ensaio de arquitetura gótica em Portugal: um modelo que ficou sem imediata continuidade e que não foi reproduzido a não ser muito mais tarde, funcionando como um polo quase isolado, uma joia branca na paisagem.
Uma escada, descoberta somente em 1930, quando se fizeram as obras de renovação, dá acesso ao Dormitório, que se localiza no primeiro andar. O Dormitório tem o comprimento de 66,5 m e a largura de 21,5m até 17,5m sobre o lado oriental total da parte medieval da abadia, tendo deste modo uma área de perto de 1300 m². Na forma atual e restaurada, o Dormitório apresenta-se na sua forma medieval original. A título de curiosidade, as celas individuais não eram permitidas no século XVII, pelo que este longo espaço funcionou muitas centenas de anos como uma verdadeira camarata.
A oeste e ao lado da nova cozinha encontra-se o Refeitório, a sala de jantar dos monges brancos. Por cima da entrada encontra-se uma inscrição em latim de difícil interpretação: respicte quia peccata populi comeditis (lembrem-se que estão a comer os pecados do povo). A sala impressiona pelas suas proporções harmónicas, possuindo janelas tanto do lado norte como a leste. Do lado oeste, uma escada de pedra conduz ao púlpito do leitor.
Os monges sentavam-se com os rostos virados para a parede e tomavam a sua refeição em silêncio.
Histórias que o Tempo Apagou - Porque Morreu Inês de Castro
Se há estória de amor que tenha marcado a história de Portugal, é a do amor proibido entre o infante D. Pedro e Inês de Castro, dama de companhia da sua mulher D. Constança Manuel.
Apesar do casamento, o Infante marcava encontros românticos com Inês nos jardins da Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Depois da morte de D. Constança em 1345, D. Pedro passou a viver maritalmente com Inês, o que acabou por afrontar o seu pai, o rei D. Afonso IV, que condenava de forma veemente a ligação, e provocou forte reprovação da corte e do povo. A reprovaçäo foi tal que D. Afonso IV acabou por mandar assassinar a amada do filho em 1355. Louco de dor, Pedro liderou uma revolta contra o rei, nunca perdoando ao pai o assassinato da amada. Quando finalmente assumiu a coroa em 1357, D. Pedro mandou prender e matar os assassinos de Inês, arrancando-lhes o coração, o que lhe valeu o cognome de o Cruel.
Mais tarde, jurando que se havia casado secretamente com Inês de Castro, D. Pedro impôs o seu reconhecimento como rainha de Portugal. Em Abril de 1360, ordenou a trasladação o corpo de Inês de Coimbra para o Mosteiro de Alcobaça, onde mandou construir estes dois magníficos túmulos, para que pudesse descansar para sempre ao lado da sua eterna amada. Assim ficaria imortalizada em pedra a mais arrebatadora história de amor portuguesa.
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